Por Lucca Vinha (Jejum) – TX
Poucas coisas têm conseguido grande destaque midiático além do COVID-19. Uma dessas foi a gigantesca notícia da saída de Moro do governo. Essa saída ocorreu baseada em interferência política de Bolsonaro na Polícia Federal e a prova de tal interferência estava na gravação de uma reunião ministerial. Aqui entramos na principal característica de Moro, desde o início da operação Lava Jato: sua capacidade de, em português digno de reunião do gabinete do Bolsonaro, foder o Brasil.
O modus operandi dessa fodelância toda já é público e notório: fazer uma declaração bombástica pra mídia, deixar essa informação fermentar por uns dias enquanto ganha a opinião pública e finalizar soltanto a “prova” que não seria prova em nenhum processo tocado por qualquer outro juiz, mas no CPPC (Código de Processo Penal de Curitiba) é prova cabal e inquestionável. Isso funcionou muito bem nos tempos de Lava Jato, garantindo a destruição da Indústria Nacional, derrubando uma Presidenta da República, prendendo ilegalmente Lula e, aqui entra o legado mais maldito da operação, vencendo as eleições de 2018.
Moro passou 5 anos manipulando a opinião pública e garantindo que essa opinião acovardasse as instituições do país. Pior: garantindo que as instituições fossem cúmplices de seus devaneios jurídicos e ambições pessoais. Ao conquistar tudo que sempre quis, se dirigiu a Brasília carregando esse M.O. E foi esse sentimento de “eu posso tudo” que garantiu sua queda e serviu para que o pior governo da história desse país tenha a oportunidade de reverter a narrativa.
O vídeo é absurdo? Evidentemente. Mancha a imagem do país perante o resto do planeta? Sem dúvidas. É nojento e indigna o principal cargo do país? Claro. Crimes foram cometidos? Sim. O conteúdo do vídeo vai derrubar Bolsonaro? Não.
O vídeo é bombástico, mas depois de tanta especulação, cobertura midiática e pressão para ser divulgado, simplesmente não é o esperado. Não atinge a expectativa e é, como conteúdo probatório, muito aquém daquilo que foi veiculado nas últimas semanas.
Não vai derrubá-lo, ou melhor, não vai sequer enfraquecê-lo, porque, assim como tudo que é apresentado ou vazado ao público graças ao Moro, não prova quase nada. E ainda serve para reforçar a imagem, que parte da população tem, de Bolsonaro contra as instituições corruptas de Brasília. O líder truculento, mas que é truculento porque defende seu povo e se importa com seu país. Esse vídeo, com meia dúzia de edições que qualquer pessoa que já brincou com o Movie Maker pode fazer, pode, e vai, se tornar a principal propaganda desse desgoverno. Não só isso, como já está servindo para tirar o foco do genocídio causado pela omissão de Bolsonaro na condução da crise do coronavírus. Como conteúdo probatório, sua principal contribuição seria a instauração de processo criminal contra Weintraub e Salles. Algo que não espero de uma PGR tão aparelhada.
Moro, ao jogar suas insatisfações pessoais para a opinião pública, achando que ainda estava em Curitiba em pleno 2015, ajudou o governo de maneiras que nenhum ministro jamais ajudou. E fez novamente aquilo que com certeza é seu verdadeiro dom: foder o Brasil. A única novidade é que dessa vez ele se fodeu junto.